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UM PAÍS PIMBA

O subdesenvolvimento de um país começa pela qualidade de incompetentes que o governam. Mais do que a incapacidade de angariar riqueza. A classe política portuguesa tem, de eleição em eleição, sofrido fortes descidas de nível. Temos montes de políticos fecundados em facilidades e parasitados em ócio. Hoje vai para a política quem não sabe fazer nada. Nem quer. Estar na política é ter acesso ao prestígio (?) de governar – e governar-se com os dinheiros honestos dos impostos, de uns, e os desonestos dos favores, a outros.


A iminente rotura do sistema social vai matar de vez a esperança dos trabalhadores que toda a vida trabalharam para um pé-de-meia no final da vida. Os milhares de contos descontados ao longo dos anos laboriosos são obrigatoriamente administrados pelo sistema do Estado. Ora já nem o sistema do estado oferece garantias de honestidade. Como o dinheiro está a faltar, para as gravatas e mini-saias, da Expo, por exemplo, está em vias de ser decretada uma autêntica sangria nacional.

Até aqui, o Estado respeitava o dinheiro que os trabalhadores punham à sua guarda, doravante, com a falta de respeito que constitui a imagem de marca deste país pimba, o Estado sugará o próprio suor de quem trabalha a vida inteira.

A classe política tornou-se tão bandalha que nos decreta acréscimos de anos de trabalho enquanto se reforma a si própria com 8 anos de lagostas parlamentares.

Quanto a Alçada Baptista, intelectual privilegiado e pago para botar faladura no Dia de Portugal, tem muita razão no seu falar vesgo e grosso. De facto, quem é que hoje, sabe cantar o Hino Nacional? Explicar o significado dos símbolos da Bandeira? Quem é que será capaz de defender a Pátria, marchar contra os canhões? A formação militar é nula e amaricada. Soldados nossos morrem porque não aprendem a distinguir uma granada de um isqueiro.

Ele bem sabe (pois é lisboeta actualizado) que estamos num país pimba: hoje quase ninguém Sabe a razão dos feriados nacionais. Nas Escolas aprende-se tudo menos a ler, escrever e contar; ninguém tem o orgulho de escrever sem erros por amor e respeito para com a sua Língua: entra-se e sai-se das universidades à procura de emprego e não de trabalho - porque ninguém aprende a fazer nada.

O Dia de Portugal em 10 de Junho lembra a morte de Camões, de que todos se aproveitam ainda mas deixam o seu Legado morrer na miséria, com muitos milhares de portugueses de hoje, neste pobre dealbar do século XXI.

A alegria pacóvia de ser português…

Celebrar o dia de Portugal em 24 de Junho, dia nº 1 de Portugal, data da batalha de S. Mamede, em que D. Afonso Henriques bateu na mãe (vá lá… ela tinha um namorado galego, pimba pré-histórico!) também seria apropriado para esta geração pimba, que se está marimbando para a família e quer é curtir uns copos, uns charros e umas marmeladas. As farmácias comunicaram há uma semana que já trocaram, nos últimos meses, 10 milhões de seringas. Umas ‘vitelas loucas’ de alguns partidos e comissões para a sida já distribuíram milhões de preservativos ao pagode.


Mas na Medicina hospitalar a miséria é medieval!...

Ninguém se atreve a dizer à pobre Juventude actual quem serão os homens que amanhã hão-de duro e feio trabalhar para manter as benesses de hoje. Ninguém lhes diz que têm juízo, dominar os instintos, respeitar os mais velhos e não morder a mão de quem lhes dá a boa vida. Ninguém lhes diz isso. É moda. É pimba.

Com a irrecusável entrega da nossa personalidade à Europa, é lógico questionar o Hino Nacional: para quê um hino português, agressivo ainda por cima, agora da EU que nos vêm os amendoins?

No dealbar do século XXI o que é Portugal? Que têm os jovens para se orgulharem de ser portugueses? Melhor; que se está a dar aos jovens além de drogas várias e seus apetrechos, alguns já acima referidos?

Que música têm eles? Que bebidas? Que roupas? Que ideias? Que motivações? Só os das multinacionais que lhes impingem tudo até ao nojo.

O orgulho nacional deste país ficaria ferido se, se mudasse a letra do hino? Que hino? Que País? Que orgulho?

Abaixo dos 25 anos, ninguém conhece qualquer hino. Nem sabe se tem algum hino, ‘este país’…


Julho/1997

Texto publicado originalmente no XOK Magazine on line (leitura completa em:

https://issuu.com/lusorecursos/docs

Texto: Altino Moreira Cardoso (Professor; Escritor e Jornalista).

Imagens: P.H.M. - Portuguiesich Haus Mafia; Google© e Cofina©



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