Nas escolas, aparecem meninas violadas por grupo de colegas. Neste início de ano lectivo tome-se como foco de reflexão o recente assassínio sexual de duas crianças e tape-se o nariz ao nojo que tal crime provoca à Humanidade. Que se está a passar? Já havia violência e desvios sexuais – prostituição (a mais antiga profissão do mundo), violação, proxenetismo, homossexualismo, mas a pedofilia ultrapassa todos os limites da dignidade do ser humano.
O progresso material e as comodidades da vida contemporânea estão a provocar um relaxamento moral semelhante ao “panem et circenses” da decadência romana. Em Roma, a mulher, mesmo a esposa (que pela maternidade, assumia a dignidade de “matrina” <mater) era pertença total do ‘paterfamílias’, que, na “famulia” (<famulus>)” dispunha de total autoridade, de vida ou de morte. “Famulus” significa, de facto, o subordinado, situado numa ordem subalterna, inferior.
A mulher grega do classicismo, na ausência dos seus homens, nas intermináveis guerras, partiu à descoberta de Lesbos, temática só aflorada naquela canção já clássica de Chico Buarque “Mulheres de Atenas”.
Dido e Cléopatra, que assumem o seu amor a um homem (Eneias e António) são rainhas e senhoras com direito ao corpo e respeito por ele, como prerrogativa do ‘eu’.
Matam-se porque se tornam rainhas-escravas do espírito do amante, do ‘tu’, cuja liberdade paira sobre qualquer materialidade. Aqui reside a magia do amor e da felicidade: o amor de uma rainha não é superior ao de uma mulher qualquer. Aqui reside, também, o seu poder: se um rei passou à história com a frase “o meu reino por um cavalo”, são incontáveis as perdições de amor. Porque há amor de salvação e amor de perdição.
A pré-historia – época de dinossauros – mostra-nos o troglodita a escolher e a arrastar uma mulher para a sua caverna, como um peça de caça. Rezam as tradições que era excitante para as mulheres serem assim exibidas com uma grande moca na mão…
A Bíblia encerra episódios curiosos em relação à mulher e ilustra sumariamente as ‘potencialidades’ desse ser especial:
- Se Eva é a grande causadora de todas as desgraças, Salomão serviu-se da Mulher para metaforizar, no ‘Cântico dos Cânticos” a união de Cristo com a sua Igreja. E, se Susana é louvada pela sua castidade, outras o são por servirem do corpo para seduzir e matar generais inimigos e evitar a queda de Israel…
Aparecem na traição Bíblica patriarcas com várias mulheres. Um deles (e da charneira), Abraão, provoca, mesmo uma cisão com os filhos da escrava Agar…
Desses Agarenos provêm as raízes dos Muçulmanos e a sua cultura.
A atitude dessa Cultura – imensa e profunda, também – para com a Mulher é de um primitivismo inexplicável. Há árabes que fazem colecção de mulheres como uma garrafeira, que partilham com as visitas e amigos.
Creio que é Maomé que diz: “a mulher é como um campo: lavra-o como te apetecer”. Não sei até que ponto é verdadeira estoutra afirmação de machismo árabe: “Ao chegares a casa dá porrada na tua mulher; se não souberes porquê, ela sabe”.
O genro de Maomé (vem no Público de 4.8.02) faz uma estatística da coisa:
- “Deus Todo-Poderoso criou o desejo sexual em dez partes; em seguida, deu nove partes à mulher e uma ao homem”. O sogro não reagiu?
Notícias recentes denunciam que, mesmo em Portugal (que não só nos países africanos), os muçulmanos praticam a excisão de clítoris feminino, para tirar à mulher o desejo sexual.
As feministas nunca queimaram os sutiãs por isto? Para não gastarem petróleo?
A guerra no Afeganistão trouxe para a ribalta mundial mulheres proibidas de ir á escola e de rostos tapados com uma máscara igual á que os nossos lavradores põem uma vez por ano para conseguirem roubar o mel ás abelhas. A comunicação social mostrou e passou. Deteve-se mais, valha a verdade, nos olhos verdes e angustiados de uma rapariga na capa de uma revista antiga. A guerra entre a Índia e o Paquistão também trouxe à ribalta trajes indianos de mulheres de umbigo ao léu. Como pegou a moda do umbigo ao léu, não admira que, qualquer dia, um costureiro apresente umas redes a tapar as caras das mulheres (as bonitas, ainda, por cima!). E lhes abra um decote até ás cuecas.
A mulher ocidental - libertada pelo cristianismo e levada à suprema e exclusiva dignidade de Mãe – está a cometer excessos de uma liberdade total ligada às conquistas de medicina, da costura e da civilização e arrisca muito. Isso (ver o Freud) traz problemas tremendos:
- o primeiro é a perda da vergonha. Isto é, respeito pessoal e dignidade. Tira-se a roupa na intimidade e não na rua. Há casamentos semelhantes a um negócio de carros usados.
- o segundo, é que a exposição excessiva se propaga em duas direcções opostas: por um lado, provoca a indiferença e, com ela, a impotência sexual. A excitação, no entanto, pode tomar outra direcção e dar origem ao abuso – e aí está a violência, que está no cerne de todos os crimes sexuais, isto é, que transforma o uso consentido (como será s prostituição) em abuso e em crime.
O maior problema actual é o sentimento da omnipotência, motivado pela liberdade. Sem a cultura da equidade e do respeito pelo outro, egoísta, criminosa.
A facilidade de acesso aos bens de consumo originam as taras de que se pode adquirir tudo (comprando ou roubando), bastando querer para ter. Cada vez mais. Mais alto, mais baixo.
Custe o que custar e a quem custar.
Contrariamente às aparências, isto é a suprema miséria.
Miséria mata sempre.
Agosto/2002
Texto: Altino Moreira Cardoso (Professor; Escritor e Jornalista).
Imagem: Google
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Ora aqui está uma abordagem estranha mas equilibrada da imagem da mulher. Não é perfeita mas interessante.