Há bué de time uma garina
Perdeu o cota em pequenina
Pois esticou o pernil,
Deixando-a cuma madrasta
Que não era nada baril
E ainda por cima tinha
Umas melgas de umas filhas
De a gente se por a milhas.
Como se chamava ela?
Chamava-se Cinderela,
Mas só Cinde prós amigos;
Era escrava ela e só
Como presa em xelindró,
Só queria dar de frosques
Porque a cabra da madrasta
Dava-lhe bué de cortes.
Tomando conhecimento
De alta desbunda real
A Cinde vive em tormento
Por não poder ir a tal;
Bem que curtiu a ideia
Pois mas outras chavalas
Que eram bem beras e mases
Ao saberem disso à ceia
Logo lhe cortaram as bases. Estava ela passada
Quando lhe apareceu a Fada;
Era uma fada baril
E não madrasta sacana
Pois lhe abichou uma farda
Que valia mais de mil
Pois era baita bacana
E fez dela grande febra.
- Mas só até à meia noite! –
Avisa fada madrinha.
A garina afiambrou-se
E modrdeu bem o esquema
Foi prá borga sempre a abrir,
E logo vem a descobrir
Um man cheio de papel
Era bom e recomendou-se
Que ela também a galou;
Dos carretos se passou,
Desbundaram toda a noite…
Mas ao baterem as doze
Ela teve de axandrar
Imediatamente bazar,
Deixando-o abardinado
A correr atolambado
Té que ao menos encontrou
Na escuridão da ruela
A bota perdida dela
Que o deixou esperançado.
Com fezada busca um chispe
Que entrasse lá na bota
Como ganda postal que era
E com uma boa mota
Precisou de pouca espera
Pois logo encontrou a brasa…
As fatelas lá em casa
Ficaram pior que estragadas
Vendo-se ultrapassadas
Pela borralheira do naipe,
E tiveram um ganda vaipe
Com monco nos narizes
Quando ele se ajuntaram
E foram buereré felizes!...
Fevereiro/2002
Texto: Altino Moreira Cardoso (Professor; Escritor e Jornalista).
Imagem: Google©
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Não gostei.
Engraçada a reformulação da História da Bela Adormecida.