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ABORTOS

Atualizado: 15 de nov. de 2018

De Cunhal a Herodes, passando por aquela deputada estaliniana e pelos políticos, como sempre…

Comecemos pelo opúsculo de Álvaro Cunhal sobre o aborto. O paleontológico resistente e recém-educador-escritor-artista atribuiu os abortos à miséria, à exploração da Mulher e inclui mais esta música da cassete habitual. Nos anos 20 ainda não existia a actual mentalidade libertária e permissiva, que produz a Sida e o faz esclerosar.

O ódio comunista (aqui, não na ex-URSS) à vida humana indefesa no seio maternal tem uma explicação freudiana: a vingança política – é que já não se fabricam comunistas como antigamente. Mesmo os que ainda existem, são rosados e não vão para o Tarrafal.

Que produziu Cunhal em toda a longa vida? Uma metáfora: o comunismo na URSS era como o Sol no mundo.

Na Assembleia uma mulher da mesma bancada primou pelo ardor contra a vida humana. Não sabemos se tem filhos: mas, se os tem, não hão-de orgulhar-se daquele tremendo clarão estalinista que exibe em duas bochechas de higiene duvidosa.

A política corrupta e oportunista perde mais tempo com problemas de minorias do que com a miséria geral de tanto povo português anónimo. Quem dera aos muitos milhares de doentes normais que lhes fosse dada metade da atenção e meios que se estão a dar aos drogados… Quem dera que a pobreza, a exclusão social, a miséria (também a envergonhada das madrugadas nos caixotes do lixo…) obtivesse metade das atenções que são dispensadas aos animais…


Numa escola, o clube de ecologia coloca caixotes para papéis e um aviso: NÃO AMACHUQUES O PAPEL! Lindo, este respeito, se se mobilizasse a pureza desses jovens para os ideais da defesa da Vida e não andassem a provocar o seu abandalhamento sentimental com a oferta de preservativos! E não há dinheiro para dar pão a quem tem fome!

Na manifestação em Defesa da Vida, um cartaz (fotografado na pág. 15) nos chamou a atenção: um miúdo agradece à Mãe ter nascido…

Com a actual inversão de valores, os criminosos prosperam, a corrupção doira, a ignorância campeia. Por isso já não é a Mãe que agradece a dádiva de Amor e de Vida que floriu na sua Maternidade, mas a Criança que, na sua inocente impotência, descobre que muitos outros inocentes morreram por sua Vida colidir com o direito ao corpo de uma fêmea para quem um filho não passa de um mecânico efeito secundário de uma relação sexual com um macho qualquer.

Só Herodes terá sido mais cruel no seu medo egoísta, não dobrando os joelhos em respeito para com o sangue dos outros, derramado, por decreto, a céu aberto. Mas a mulher que negar ao seu filho os direitos de um simples papel usado, é infinitamente inferior em dignidade àquela vaca, que lambe biologicamente o seu bebé recém-nascido.

Fevereiro/1997




Texto: Altino Moreira Cardoso (Professor; Escritor e Jornalista).

Imagem: Google©


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3 Comments


Unknown member
Nov 08, 2018

A fotografia é altamente chocante. Deviam de ter mais cuidado nas mesmas porque este espaço é aberto a todos de todas as idades. Cuidem disso.

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Unknown member
Nov 08, 2018

Uma abordagem ligeira a um tema fracturante. A imagem é 'xok'ante.

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Unknown member
Nov 08, 2018

Excelente e provocadora foto. Texto interessante.

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