Estava para falar dos tempos do fascismo, por causa de uma série de atrocidades que, os actuais mentecaptos da política, da justiça e das freguesias, tentam aplicar no sentido unidireccional da palavra liberdade.
Efectivamente, a moda das inúmeras freguesias dos arrabaldes da capital (de maioria rosa, entenda-se) de tentarem impedir que se fotografem as fachadas de edifícios públicos ou privados, em obras ou construção para reportagem não lembra nem ao mais fascista da velha guarda.
Mas, não vou falar disto.
Também, estava para falar daquela questiúncula dos juízes a quererem processar as juntas médicas. Os juízes, do antigamente, eram profissionais dedicados, não brincavam aos decisores por se acharem a criação mais próxima da perfeição, logo de Deus. Em especial os de família e menores.
Ia falar mas, também, não falo.
E não falo porque, as recordações que tenho do passado século, são boas demais para estragar com comparações absurdas.
Ainda pensei em falar do terrorismo mais assassino dos anos 70 e 80, ao invés destes recentes actos animalescos daquela espécie de macacóides aparentados a homens mas, acho que falar de espécies em vias de extinção é para os biólogos e zoólogos.
Também não falarei disso!
Vou falar de uma acção muito típica dos anos 70: o associativismo.
Em 1979, foi fundado o CEDECA, por um monte de jovens imberbes da Linha de Sintra e a primeira iniciativa que fizeram foi uma exposição chamada EXPOESPAÇO/79.
E recordo esta exposição por vários motivos.
Na época, no então chamado Liceu Nacional da Amadora, com o apoio da junta de Freguesia da vila e com ajudas do Jornal Nostra e da revista Selecções de Mecânica e do Lar, do falecido Albérico Cardoso, e com a colaboração de alguns amigos mais tarde integrados na estrutura do Centro, com fotografias da NASA, pedidas e cedidas pela Agência Norte-americana, fizemos a mostra com o que demais actual existia em termos de miniaturas, fotografias e artes sobre o tema.
E repito, se na época era dificil fazer coisas inovadoras, essa dificuldade era compensada pelo raciocínio, inteligência e vontades dispersas com um objectivo comum: fazer, realizar, apresentar coisas.
Depois, os jovens em vez de andarem a drogar-se com electrónica e comunicações digitais (nomofobia), narcóticos sintéticos e baleias azuis, entretinham-se a pensar, estudar e produzir desideratos vários, para consumo geral da população e benefício do país que, desta forma, beneficiava das experiências primárias dos resultados destas associações que após o 25 de Abril, surgiram como cogumelos, dinamizando a sociedade.
Imediatamente depois foi o ‘boom’ do ‘rock’ português , e depois … o resto já vocês sabem, apesar de a memória colectiva, segundo os especialistas durar apenas, no máximo 20 anos.
Oportunamente, referirei os nomes de todos os envolvidos nesta iniciativa que durou um mês, nas férias grandes escolares. No entanto, desde já,um deles foi fundamental: O Cruz. O José. O único amigo e colega que tenho, que me acompanhou desde a primeira classe, em todas as fases da vida. Bem-haja para ele e para a família. Isto nunca se esquece.
Texto: Fernando de Sucena (Investigador de informação; Jornalista; Escritor e Formador)
Imagens: Arquivo/Produtores Reunidos© (cedidas pelo gabinete de Imprensa da NASA© em 1979, as mesmas utilizadas, então, na exposição)
Imagens reeditadas em 04/04/2019
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