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FÓRMULA 1: AYRTON SENNA - O "MAGO" MORREU HÁ 25 ANOS

  • 2 de mai. de 2019
  • 3 min de leitura

Existem acasos da vida que nos marcam e que nos deixam a pensar no que é estar vivo e experienciarmos a nossa existência.



Por acaso ao acaso, que foi o nome do meu primeiro programa de rádio, no século passado, sempre me acompanhou e prova que não há coincidências. Conheci o Mago, em 1979, no Autódromo do Estoril, aquando da realização do Mundial de Karting. Depois tive o privilégio de assistir à sua primeira vitória no Autódromo do Estoril, no único ano que fui bafejado com a sorte de ter uma credencial de jornalista para o Mundial de Fórmula 1, que ofereci ao meu amigo João Pedro, de Queluz, que me acompanhou muitos anos na imprensa regional. Convivi de perto com o Ayrton e com o meu amigo Elio de Angelis (falecido antes de Ayrton) durante algumas semanas espalhadas por anos.


Na passada quarta-feira, dia 01 de Maio, cumpriram-se 25 anos desde a morte do piloto brasileiro Ayrton Senna, num fim-de-semana 'negro' para o automobilismo mundial e que 'mudou' a forma como Portugal via a Fórmula 1. Morreu no dia do Trabalhador e, nesse ano no Dia da Mãe. Perderam-se dois pilotos e houve acontecimentos estranhos para todos os gostos, que envolveram o português Pedro Lamy, que participou nessa prova do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 aos comandos de um Lotus-Mugen Honda.


"Aconteceu de tudo. Diversos acidentes em pista, nas boxes. Parece que Deus se pronunciou nesse fim-de-semana para avisar que era preciso mais cuidado", sublinha Lamy, 25 anos depois daquele que é considerado uns dos fins de semana 'mais negros' da história da F1.

Cerca de 25 horas antes do acidente de Senna já tinha morrido o austríaco Roland Ratzenberger, que, aos 31 anos, disputava o seu terceiro grande prémio, quando o seu Simtek-Ford embateu a 315 km/h contra um muro de betão na curva Villeneuve, após perder uma parte da asa dianteira.

Na sexta-feira, na primeira sessão de qualificação, o Jordan-Hart do brasileiro Rubens Barrichello descolou na Variante Baixa, a cerca de 200 km/h, embateu nas redes de proteção e capotou três vezes, deixando o piloto brasileiro inconsciente e impedido de alinhar na corrida, devido aos ferimentos sofridos, entre os quais uma fratura no nariz.

A própria corrida também começou mal, pois, na largada, Pedro Lamy não conseguiu evitar que o seu Lotus-Mugen Honda embatesse violentamente na traseira do Benetton-Ford do finlandês J.J. Lehto, que ficara parado, e a colisão lançou uma roda para as bancadas, o que provocou ferimentos em quatro pessoas.

O acidente do português ditou a entrada em pista do 'safety car', que controlou o ritmo do pelotão até à sexta volta, pelo que Senna realizava a sua primeira volta lançada quando se despistou.

Mais tarde, perto do final da corrida, o drama voltou a acontecer, mas desta vez nas 'boxes': depois de reabastecer e trocar de pneus, o italiano Michelle Alboreto preparava-se para regressar à pista, quando se soltou uma roda do seu Minardi-Ford, num incidente de que resultaram ferimentos em três mecânicos da Ferrari e num da Lotus.

O dramático Grande Prémio de São Marino de 1994 marcou uma viragem histórica na Fórmula 1, pois não só obrigou a Federação Internacional do Automóvel (FIA) a alterar de forma radical as regras de segurança, como acabou por ser o momento da sucessão entre Ayrton Senna e o alemão Michael Schumacher, vencedor dessa prova.

Pedro Lamy, que na altura tinha 22 anos, lembra um "ambiente muito pesado" nas horas seguintes.

"Só tive a confirmação da morte do Senna quando fui ao hospital, no final do dia. Já havia alguns comentários, mas ninguém queria acreditar", revela o piloto, que correu no Mundial de F1 de 1993 a 1996.



O piloto de Alenquer diz que esse fim-de-semana e, sobretudo, a morte de Senna "mudou a forma como se via a F1 em Portugal".

"Passou a ser diferente. O Ayrton Senna era um piloto diferente, era apelidado de 'Mago'. Tinha uma magia dentro dele, era o melhor. Ele próprio repetia várias vezes que tinha nascido para ser o melhor", lembra Pedro Lamy.

Senna disputou 162 grandes prémios desde a sua estreia na Fórmula 1, em 1984 com um Toleman-Hart, e ainda tem vários registos notáveis: é o quinto piloto com mais vitórias (41, a primeira delas no Estoril) e terceiro com mais 'pole positions' (65).



Texto: Fernando de Sucena (Investigador de informação; Jornalista; Escritor e Formador). 2019©/Produtores Reunidos© com adaptação de Lusa©

Imagem: Arquivo/Produtores Reunidos©; Autosprint© e Google©



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