Os pedagogos credenciados recomendam que o ensino deva ter como objetivo número um, a adaptação do jovem à sociedade onde vive.
Ora isto assusta qualquer cabeça pensante. É que se as coisas estão mal, por exemplo, em Portugal, como sugere, se é o jovem que se tem que adaptar, tudo ficará na mesma.
O que é urgente é exatamente o contrário, é a adaptação da sociedade a novas regras que promovam o nivelamento cultural, material e social da população, a começar pelos jovens.
Os resultados agora publicados pela OCDE (Organização para a Cooperação e de Desenvolvimento Económico) mostram que Portugal é o país da Europa onde maiores desníveis existem na sociedade, onde a aquisição de saberes e de bens materiais pelas camadas mais pobres é a mais lenta, chegando-se à conclusão de que se tudo continuar assim, para uma família portuguesa pobre serão precisos 125 anos até que os seus descendentes consigam alcançar um salário médio. Ou, são necessárias cinco gerações para uma família sair da pobreza. Isto arrepia porque apesar de se sentir uma aragem que quebre o entorpecimento, forças internas e externas procuram atirarem-nos para trás como as marés.
E não há, ou poucos há que reajam a esta ficção porque a ordem geral é transformar o País num mercado onde todos temos que comprar e pagar e o que é pior, até sermos vendidos e ou explorados.
Não é ficção. Vejam-se os apetites americanos, chineses, alemães, árabes e mais alguns países que vêm aqui uma mina.
Estaria tudo bem se soubéssemos exigir aquilo a que temos direito mas para tal, como disse no outro lado, teríamos de começar na escola a saber e a conquistar com o nosso trabalho e saber.
Se não, a gente fala daqui a 125 anos.
Texto: Luís Pereira de Sousa. (Apresentador de Televisão; Locutor, Jornalista e Escritor). Escreve no blogue Pedeleke - http://pedeleke.blogspot.com/
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Quem nasce pobre sê-lo à sempre. Paciência!