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EDUCAÇÃO E CRESCIMENTO - A REGRESSÃO INDESEJADA!

Nos últimos tempos tem-se falado do habitual problema das mudanças no sistema de ensino e todas as suas envolventes a montante e, sobretudo, a jusante! Vários Governos, alguns com repetição, afirmaram no início dos seus mandatos (a altura dos sonhos e do se calhar até dá!) que a educação era “a menina dos seus olhos”. Este, também não é excepção! E se mudou pouco da estrutura do que tinha feito o anterior, complicou o que restava. Temos de utilizar sempre como oponente ao Simplex, o Complix! Sistema em que somos muito mais evoluídos e experientes.

As medidas avulso tomadas ao longo dos anos, levaram a que, em 2006 tenhamos licenciados incapazes, capazes analfabetos (ou quase) e uma miriade de soluções vagas e pouco eficazes.

Comecemos por ver o que se passa no concelho da Amadora, em termos de pré-primário. E a Amadora tem experiência nisto do complix! Sobretudo, no complix! Todos os anos, os pais têm uma prova desportiva ímpar no universo chamada três ao molho! É assim: Os pais ou mães, é indiferente, têm de fazer uma data de fotocópias de montes de papéis e inscrever os petizes em pelo menos três escolas do concelho para que uma delas acerte no nome da criança e a chame ao seu recreio, ou será mais receio? Este desporto existe há pelo menos 4 anos e continuará por mais uns tantos, porque a base de dados central nunca ninguém a viu. O simplex, transforma-se em complix! É que parece-me que o Estado comprou computadores para enfeitarem as secretárias, para mandar e-mails parvos, para os colegas da secção ao lado, e não para usar à séria! Assim sendo: Ninguém lança os dados no computador. Também, com mais um Casino, novinho, para que se lançam os dados no computador?

O simplex disto tudo é que o júnior é inscrito nas mesmas escolas desde sempre e os papéis, sempre os mesmos, são iguais todos os anos. Como a mãe muda de nome semestralmente, tem de fotocopiar o BI, o boletim de vacinas, e se calhar, as facturas da roupa interior que usa, todos os anos! Simplex. Depois numa segunda fase seguem-se comprovativos de IRS, de que a mãe está viva e a criança é mesmo filha da mãe, entre outros obstáculos de dificuldade média para ultrapassar. O prémio final é a criança morar numa ponta do concelho e ir para outra escola no lado oposto. Mas, pelo que percebemos de pequenino é que se educa e se percebe como é engraçado viver neste país à beira mar plantado.



Entretanto, a criança cresceu mas, pouco se desenvolveu neste país em câmara lenta, e passou para o primário. Se os livros fossem válidos e realmente úteis não teriam erros ortográficos em cada página, soluções matemáticas erradas em cada capítulo e outras pequenas partidas carnavalescas para animar os petizes ao longo da vida. Escrever com erros é tão interessante como não querer ser deputado (porque é mais rentável ser-se administrador do Banco de Portugal ou de uma Empresa Pública).

E aqui, finalmente, o governo acertou ao impedir os livreiros de produzirem disparates em série e com demasiados custos, contribuindo para a iliteracia, com os péssimos manuais que existem no mercado. Eu oferecia-me, em regime de voluntariado, para fazer mais disparates por página, do que os caros e impreparados professores contratados pelas ambiciosas editoras. A sério! Foi uma medida útil. Talvez que o único disparate sejam os seis anos de validade. É que, por exemplo, em Introdução à Política, corre-se o risco de os alunos andarem cinco anos a chamar nomes a outros, porque os políticos voam das cadeiras mais depressa que o desactivado Concorde. Mas enfim! É um risco simplex! Pode ser corrigido com a escola paralela, habitualmente designada por telenovela, onde a educação sexual já é dada em regime de voluntariado desde 2003! As escolas ainda andam a perceber como funciona tudo isto.



As nossas crianças, crescem mais (é estranho crescerem, porque para os babados pais parece que são sempre pequenos) e passam para o secundário. E, aqui, estimados e estimadas leitoras começa o verdadeiro tormento de se ser estudante, receber educação e crescer. Se optar pelas licenciaturas fica sem trabalho e só usando “cunhas” se torna trabalhador, mesmo que temporariamente, através de uma empresa cogumelo de um amigo. Se seguir um curso tecnológico vai ser olhado pelos ex-colegas de escola com desdém porque escolheu uma profissão que tem trabalho a mais, mas é mal paga! Se, optar pelo misto acaba o secundário faz especialização em formação profissional, é ignorado porque não tem habilitação escolar, nem consegue aplicar os conhecimentos da formação porque não lhe dão trabalho. Não lhe dão trabalho porque o objectivo da Formação Profissional, inicial e ao longo da vida é ocupar os desempregados, os milhentos funcionários do IEFP a inventar cursos, a fazer que empregam e desempregam os outros, e para gastar os dinheiritos que a Europa distraidamente nos manda!

Por isso, quando ficam demasiado crescidos, bem educados e mal formados, voltam para casa dos pais que, entretanto, habituaram-se ao desporto dos papéis da infância dos filhos e andam a percorrer secções da Segurança Social para entregarem as resmas de papel que lhes são pedidas para comunicar a mudança de morada. Passam a estar, de novo, a recomeçar a vida, na casa dos pais, com estes a sustentarem os filhos, que por sua vez se juntam aos progenitores no gasto das verbas da segurança social. Depois, do abono de família, das ajudas do fisco para descontar no IRS as despesas de escola, passam a receber o subsídio de desemprego ou RSI, ao mesmo tempo que os papás beneficiam da reforma! Simplex! Toda a gente vive a expensas do Estado e pronto!

Instalaram-se milhares de computadores nas escolas, mas os testes continuam a ser feitos “à la main”. A Internet, que seria um suporte à aprendizagem, é utilizada para tudo menos para investigação e desenvolvimento educacional. Os alunos batem nos professores, quando devia ser os professores a baterem nos alunos, o que seria perfeitamente lógico. Um adulto pode bater num menor (os tribunais consagram este principio como dogma) mas não o contrário. O nosso sistema de ensino tem uma terceira via que é, a possibilidade de adultos baterem nos professores e estes nos pequenos, numa forma moderna da aplicabilidade das Leis da antiga Babilónia (olho por olho, dente por dente). Tudo muito simplex, como se constata!


O que é que isto tem a ver com as alterações na Educação? TUDO! Reaprendemos sempre o mesmo de maneiras e formas novas, com conteúdos similares. Por isso não admira os nossos níveis de escolaridade e de exigência educativa. Os professores não gostam de trabalhar, quanto mais não seja em proporção ao ordenado! 20 horas por semana a 1000/4000 euros é muito bem pago. Os formadores querem ganhar dinheiro sem investirem esforço continuado e tentarem superar-se a cada dia. Os directores e responsáveis pedagógicos (trabalham por conta do Estado) utilizam o sistema simplex, para produzirem, pelo que não necessitam de se esforçar, porque o mensalão chega-lhes a cada 28/29 dias. (Conheço este ciclo de qualquer lado). E tudo vai bem na mesmice! Aos alunos tanto se lhes faz como se lhes fez, desde que tenham dinheiro para os copos do fim-de-semana, para os telelés com sms, mms e outras banalidades da tecnologia, porque como não antevêem saídas profissionais, a longo prazo, retornam à sua infância, mas já com um elemento novo (pelo menos) no ambiente familiar, perpetuando, deste modo, o circuito de Educação, ensino e crescimento no país! Não existe simplex que combata este complix geracional!

Apesar de tudo, e a terminar, acrescento que ainda se conseguem excelentes médias negativas, o que é de louvar atendendo a todo o sistema de ensino que temos. Por outro lado, como não temos grande qualidade na educação, ensino e formação, as empresas também não podem progredir e daí pagarem pouco e possuírem uma baixa produtividade. A baixa prestação deve-se aos maus gestores (quase todos ex-políticos, que são corridos do parlamento e aterram numa qualquer administração), aos empresários básicos, gananciosos e bacocos que temos e, também, porque não dizê-lo, à falta de preparação educacional e educativa que as anteriores gerações lhes incutiram na cabeça. Ser empresário é ter carros de alta cilindrada, uma ou duas amantes, filhos inscritos em bons colégios, receber ajudas do Estado para quase tudo, fugir ao fisco, e encerrar a empresa quando começam as investigações. Foi isto que aprenderam! Foi isto que lhes foi ensinado pelo próprio sistema. Pronto! Confesso. Sou mal educado e mal formado! E depois!

Uma última advertência. Existem provas de todas as afirmações e declarações aqui escritas. As fontes para a síntese foram as capas dos jornais diários, semanários e revistas de expansão nacional dos últimos 2 anos (escândalos, denúncias, declarações, etc., etc.,) e fotocópias de acompanhamento de algumas situações. É só ler para comprovar. Se gostar, abuse!


NR: Apesar de algumas alterações burocráticas e outras decretadas por lei, no essencial, a coisa mantem-se com poucas alterações significativas positivas.


Texto: Mário Teixeira - 2012

Imagens: Google©



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