Os homens perderam a identidade. Elas deram cabo deles e delas.
Antigamente, tínhamos de reunir uma meia dúzia de bacanos (e vá lá bacanas) na biblioteca da escola para discutirmos os trabalhos de grupo que os exigentes professores solicitavam. Convivíamos, brincávamos e solidificávamos as amizades. O desgraçado que tinha mais tempo, participava menos ou tinha a letra mais bonita compilava e montava o trabalho com recortes. Agora cada um faz copy e paste na Internet, envia por sms ou email, o escolhido mesmo que voluntário à força, compacta tudo num power point ou numas páginas de word e já está! Tirou-se a pica do convívio e da descompressão escolar. A pica foi-se!
Antigamente tínhamos o prazer (facilitado, é certo) de descascarmos as senhoras antes do acto para vermos como era o armazém, depois de admirarmos a montra. Agora, é mais difícil vê-las vestidas. Elas estavam sempre à espera de serem piropadas, pelos atrevidotes. Com as leis que as malditas fufas impuseram e com a penalização criminal do piropo, elas tiraram a pica toda ao sexo e ao lustro. A pica foi-se!
Antigamente, tínhamos de comer um bife para guinar o volante dos carros e fazer roturas de ligamento do pulso para puxar o travão de mão. Agora, existem uns carros para maricas, em que basta tocar num botãozinho e ele obedece como um cachorro, o que tirou a pica toda da condução. A pica foi-se.
Antigamente, comíamos umas bifanas bem regada por cervejola Sagres (áspera e dura), com pão à bruta e convivíamos à volta das mesas ou, de preferência, dos balcões. Eles eram também moelas, couratos, chamussas e salgadinhos, à fartasana e ninguém se queixava de cancros, alergias aos alimentos e outras invenções modernas dos lobbys dos laboratórios. Agora com as dietas maradas, e as mini-doses de abastecimento tiraram a pica do petisco. A pica foi-se.
Antigamente, para vermos mulheres e gajos nus a pinar (pornografia e erotismo – a versão das mulheres –) tínhamos de nos esconder nos sítios mais abrigados e esconsos, tal como fazem agora os drogados, que já não drogados, mas sim adictados, porque não se drogam, metem para dentro aditivos. Agora o que não falta por aí são gajas meias despidas, provocativas, gajos atrofiados meio virados numa banalidade tal que estragaram o deleite do secreto da intimidade. O abuso ostentativo de pornografia e nudez acabou, com os cinemas de exibição especializados e com a pica que aquelas coisas davam. A pica foi-se.
Até há bem pouco tempo quando os homens gostavam das mulheres e elas não eram egoístas quando lhes davam qualquer coisa, um mimo, um beijo, um piscão de olho, ‘nós pimba’. Agora, elas têm manias, acham-se superiores, e como foram mal-educadas pelos pais, nada do que lhes façamos não apreciam. Antes estávamos sempre na esperança de recebermos um reconhecimento interessado por fazermos alguma coisa simpática para as mulheres. Agora elas não reconhecem nada nem ninguém, nem a elas próprias, e andam, por aí a pairar. Não há romance, não amor, não há paixão, não há desejo, apenas interesse e boçalidade. A pica foi-se.
Antes as mulheres diziam que não gozavam e eram meiguinhas. Agora, dizem que têm orgasmos em série com amigos e amigas coloridas mas tornaram-se brutas. O orgasmo mútuo acabou. Acabou-se o prazer mútuo. Foi-se a pica.
Foi-se o gosto pela vida e foi-se o gosto pelo mulherio. Foi-se a pica por elas; agora aturamo-las apenas.
Texto: Fernando de Sucena (Investigador de informação; Jornalista; Escritor e Formador). 2018©/Produtores Reunidos©
Imagem: Google©
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Não tenho comentários para comentar o que não se pode comentar por ser tão mau tão mau.
Se antigamente é que era bom, porque ainda andas por cá no século XXI? Otário.