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A MINHA PRIMEIRA VEZ

No passado domingo, dia 26 de Maio (ainda pensei em não escrever esta peça…) como não tinha nada que fazer, acompanhado da minha querida líder familiar, fui cumprir o meu dever cínico e desloquei-me ao local da votação.

Esta foi, realmente a primeira vez com o novo sistema, bastante funcional diga-se. Depois de 14 anos de ausência nestas brincadeiras trauliteiras politiqueiras, voltei e notei muitas diferenças. Diferenças, para pior.

A primeira prende-se com a feira que este acto significa.

Fui botar na Escola Secundária Padre Alberto Neto, em Queluz, que se tornou num dos meus alvos implicativos primários. Em frente, sou confrontado com duas tendas de venda de bolos, outras coisas como se o acto fosse entendido como uma deslocação à boutique ciganite da feira de Monte-Abraão ou da Brandoa. Haveria licença para vender? Não é um dia em que o valor esquerdista da colocação do papelito no buraco se devia sobrepor ao negócio? Isto são as conquistas de Abril, em que o capitalismo se sobrepõe ao respeito social.

A primeira vez, em 1979, parecia a 1ª comunhão, solene, compenetrado e responsável. Tudo muito primário, lento mas interessante socialmente.

Era tudo muito insipiente, muito amador, mas algo que muita gente, atrevo-me a dizer a maioria, no século passado, ansiava por fazer. No entanto, comparando ambas as situações, cada vez mais sou um defensor do Direito a Não Votar.


Estragou-se o pensamento, o discernimento e a diferenciação. É insistir no mesmo. Por isso, o desinteresse crescente da populaça, em nem sequer se deslocar às urnas, ainda, por cima, sem receber nada em troca. O custo que cada voto implica no OE, para o parlamento e sustento daquela malta inoperante, devia ser canalizado para quem os bota lá na coisa. Cada voto devia ser pago a quem o coloca.

No antigamente, meus concidadãos e concidadãs, o povo não votava por ser incapaz de discernir, sobretudo as mulheres que tinham que criar a prole (como se diz agora) e os homens não tinham inteligência para verem mais do que o que continuam a ver hoje… futebol, gajas, copos e andar à trolha. Gente desta nem devia escolher o que não sabe, quanto mais escolher do que lhe é imposto. Malditos partidos…

Fui votar para testar o funcionamento da máquina que me come os impostos, e realmente a coisa está funcional, mas, de certeza, caríssimos leitores desta coisa, que não me voltam a apanhar lá. Recuso-me a votar naquelas carantonhas basbaques que aparecem na Tv, nos jornais, nas revistas, e nos muppis e outdoors (nome modernaço dado aos sítios onde colavam os posters e cartazes da minha juventude). São mais do mesmo e cada vez mais imbecis.

Vou continuar a não votar, porque em Democracia (eu não a encomendei) posso optar pelo que é melhor para mim. Também mesmo que se vote, o esquema está estruturado para serem sempre os mesmos grupos minoritários a ocuparem as cadeiras. Para mais depois do golpe de estado do António Costa com a criação da geringonça. Quem tem mais votos não manda. Assim sendo, e como não sou palhaço, e sempre levei a política a sério, continuarei por aqui até me finar, só não quando, a maldizer isto tudo. Desta vez ainda foi pior, porque fazerem-me coisas nas costas sem eu ver e sem eu concordar é atitude de gayada e esses ainda são piores que os outros. Sou muito macho… e muito adepto da política séria honesta que havia no século XX, até aos últimos cinco lustros.

Nota: Depois da prosa concluída, li algures que essa aberração do Castelo Branco (MJP) quer concorrer a deputada. Isto dá mais razão ao que disse anteriormente. O parlamento não é bordel, tasca, feira das vaidades, nem sala de reunião de família. É suposto ser o sítio mais coerente e correcto da Nação. Da Pátria. Votar para quê?...


Texto: Fernando de Sucena (Investigador de informação; Jornalista; Escritor e Formador). 2019©/Produtores Reunidos©

Imagem: Portuguiesisch Haus Mafia


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