Fala-se muito da protecção de dados e da privacidade.
Se, no que toca à privacidade, essa é garantida porque, por exemplo, só depois das golas é que se descobriu que era obra do padeiro, que chegou a adjunto dum xuxas qualquer, no que respeita aos dados pessoais que não damos mas que nos são retirados sem termos autorizado, a história é outra.
A CNDP, ou o projecto RGPD, já devia estar regulado, com a privacidade de dados, a forma como são usados e, sobretudo, como se conservam, em vigor. Mas, o parlamento quer proteger as suas próprias infelidades sociais, arrastando a legitimidade do trabalho desta comissão para uma subalternidade duvidosa.
A Segurança Social e o Fisco, em especial, a primeira, utiliza abusivamente os dados para investigação de atribuição de rendimentos, subsídios e outros valoresatribuidos para quem vive do Estado. Depois, quando deve utilizar esses mesmos dados, que voluntariamente lhes fornecemos para reavaliação de algo, ou para contraditório, os mesmos, são ignorados.
E o que tem isto a ver com dados e conservação dos mesmos? TUDO.
Existem uns empregados recrutados, a contrato, duma aberração chamada banco de horas, que trabalham em serviços sensíveis durante algum tempo e que têm acesso a toda a nossa vida. Mas que é isto? Quem autorizou o Vieira da Silva, o Márinho do Fisco, ou a Chica Dias, a mandar um badameco qualquer investigar e ficar a saber, se necessário for, mais do que eu próprio de mim mesmo?
Já basta, haver chefes a mais com acesso a dados pessoais quanto mais gajos que são repescados no desemprego e escolhidos à cunha, ou pela cor da associação delinquente a que pertencem ou da qual têm cartão de sócio, quererem saber quantas gajas tenho a soldo ou quantas vezes mando o (des)governo do governo à merda? Só devo deixar consultar os meus dados quem eu quiser. Isto é como ter relações anais: só me usa, quem eu deixar…
A propósito de chefias, existem secções e unidades, em quase toda a função pública, em que existe um chefe para quatro mal-empregados, enquanto a lei diz que, são no mínimo 10. E isto não tem a ver com implicação. Passa, primeiro pelos balúrdios desperdiçados para o pagamento dos favores políticos, e, depois, pela insegurança dos meus dados pessoais.
O problema é que quanto mais chefes houver, mais patamares de protocolos de acesso aos dados eles têm e mais vulneráveis os nossos dados estão. Por isso, é urgente cortar nas chefias intermédias, falsos chefes, desnecessários coordenadores, etc., e aumentar a capacidade laboral dos subalternos pois, desta forma, o acesso aos nossos dados estarão mais limitados e impedidos de serem vistos, coscuvilhados e partilhados por qualquer parolo, a passar tempo numa qualquer secção pública, incluindo conservatórias, tribunais, lojas do cidadão, etc…
Estes dados são consultáveis e recolhidos nos sites das entidades referidas, por consulta aos quadros de pessoal, organigramas, portarias, actas e deliberações, disponíveis na net, onde até é possível encontrar os telefones, extensões, matrículas de viaturas dos funcionários e tudo. Portanto, protecção de dados altamente eficaz. Ainda bem, e assim podemos dormir descansados, porque se sabemos os das moças e dos moços, estes também sabem dos nossos.
A protecção de dados é um direito constitucional sério, e que deve ser bem gerido. Aliás, a UE até já nos avisou de eventuais penalizações pela não transcrição das normas para a nossa legislação, em especial o artigo 30º do Regulamento (EU) 2016/679 (RGPD). Atente-se na data: 2016.
A qualidade dos serviços e o índice de confiança nos governantes definem a eficácia de um país. Por cá, a coisa é diferente. Os dados circulam em e-mails, em listas de convites para eventos e o diabo a sete. Até existem espiões despedidos a receber ordenado na mesma e a servir de interface informativo. A culpa, se calhar, de estarmos a comer o pão que o diabo amassou, não é só do padeiro recém-descoberto no governo, mas de outros que estão por aí ocultados.
Se tudo se sabe e nada se penaliza, porque tanta impaciência e guerrilha social com este tema? É que, no fundo no fundo, as entidades comerciais têm os dados todos e mais alguns e chateiam os cidadãos em campanhas de marketing agressivo. Como sabem eles que eu sei que eles sabem que sabemos que os dados são comprados? Quem os vende? Basta ir aos sítios certos e não apenas à dark web. Basta aceder ao Google e pedir por bases de dados.
Isto que se passa agora, transforma aquela cena hilariante dos números telefónicos que foram partilhados, por engano, pela PT há uns anos por causa de um filtro do excel desactivado, numa coisa de amadores.
Não me liguem nem postem nada com dados meus, porque significa que os foram buscar a qualquer lado sinistro, pelo que eu poderei processar todos por terem dados não validados e serem pretensamente fakes ou falses news, entupindo, ainda mais os tribunais, já de si, atafulhados de queixas, como podem comprovar numa breve consulta aos dados disponíveis, na net.
Para se divertirem com esta baralhação, consultem as sugestões de leitura abaixo indicadas, e terão momentos de diversão garantidos, em família ou em convívio com amigos, no bar mais perto de si.
Texto transcrito do blogue: oblogdokota. https://oblogdokota.blogspot.com
Texto: Fernando de Sucena (Investigador de informação; Jornalista; Escritor e Formador). 2019©/Produtores Reunidos©
Imagem: Google©
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