Resultados preliminares de um estudo que envolve investigadores portugueses e brasileiros afirmam que estas temperaturas podem dificultar a lógica e a aprendizagem dos alunos.
“A temperatura mais elevada do ar pode provocar o aumento da frequência cardíaca dos estudantes acima de 100 batimentos por minuto”, passando estes a consumir “mais calorias” e a diminuir o ser “desempenho cognitivo”, explicou à Lusa o investigador Paulo Oliveira, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), do Politécnico do Porto, uma das entidades portuguesas que participam no projecto. Esta situação, contou o professor, verificou-se em algumas regiões do nordeste do Brasil, como Manaus e Terezina.
Estes são alguns dos resultados preliminares do estudo “Condições Térmicas e Desempenho em Ambientes de Ensino – Norte de Portugal e Nordeste do Brasil”, no qual investigadores da ESTG e da Universidade Federal da Paraíba, no Brasil analisam a influência das mudanças de temperatura no desempenho cognitivo dos alunos.
Relativamente a temperaturas temperadas, que se encontram entre os 22 e 24 graus centígrados, a interferência encontrada não era significativa, indicou o investigador.
Segundo Paulo Oliveira, a temperatura ideal para as salas de aula depende da estação do ano, sendo que no Inverno a mesma deve estar entre os 22 e os 24 graus centígrados, enquanto no Verão deve ficar à volta dos 18 graus.
Embora no Norte de Portugal não se tenham verificado diferenças no desempenho cognitivo dos estudantes quando os factores ambientais foram alterados, espera-se que até ao término do projecto seja possível obter resultados mais substanciais. De acordo com Paulo Oliveira, é fundamental que as salas de aula reúnam as condições para os alunos aprenderem de forma confortável, passando, a este nível, pela regulação da temperatura e pelo conforto térmico.
“É necessário que as mesmas tenham um bom isolamento térmico e, caso este não funcione de forma adequada, devem ter também sistemas de climatização”, indicou. Nestes casos, continuou, é igualmente importante que os filtros dos equipamentos sejam verificados com regularidade, para impedir a entrada de poeira e de partículas de ar.
“Estas são zonas com uma permanência significativa de humidade e que têm as condições ideias para a proliferação de diversos microrganismos”, esclareceu, reforçando a importância da revisão dos equipamentos.
Para o trabalho luso-brasileiro foram recolhidos dados ao nível de parâmetros cardiovasculares, consumo de energia e de conforto ambiental, em contexto de sala de aula. O estudo abrangeu uma amostra de estudantes de várias turmas das licenciaturas em Engenharia Informática e em Ciências Empresariais, tendo sido efectuadas medições aquando da utilização de equipamentos tecnológicos, como computadores portáteis.
No decorrer das medições em contexto de aula, os estudantes tinham que responder, em simultâneo, a testes de sequência lógica para avaliação do seu desempenho cognitivo, com registo do tempo e das calorias consumidas pelo organismo, enquanto eram expostos aos parâmetros de conforto ambiental do meio envolvente.
A amostra incluiu estudantes da ESTG do Politécnico do Porto, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e de outras instituições de ensino superior do Brasil.
O trabalho de cooperação arrancou em 2016, com o projeto “Mudanças Climáticas e Elevação da Temperatura do Ar: Implicações na Saúde e no Desempenho de Alunos em Ambientes Climatizados”, co-financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Brasil.
Texto: LUSA
Imagem: DR© Direitos Reservados
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