Ser mulher é lixado. Ser mãe é complicado. Perder um filho é fodido. Explicar uma vida cheia disto tudo é louvável.
Auto-biografia de um dos nomes mais conceituados da música portuguesa.
A obra encontra-se dividida em 25 capítulos incluindo vários testemunhos de nomes famosos do espectáculo. Desses, Uma infância infeliz, mas a cantar; Porto no meu coração; O palco; Desamores; O cancro; Adeus, meu grande amor; são os preferidos que seleccionámos.
A irmã mais velha de oito, começa a revelar-se e a falar da sua ansiedade pela vida iniciada a 15 de Agosto de 1962, com pequenas e inocentes recordações de infância, prosseguindo depois pelos anos subsequentes.
Para quem tem mais anos em cima, os detalhes dos anos 60 remontam às nossas vivências para uma época misturada com a miséria, a pobreza física e material associada a uma riqueza de valores familiares e humanos, que se perderam.
É aqui, neste capítulo que sentimos o porquê da força de Maria Lisboa.
As declarações mais marcantes de uma vida agitada e muito ligada à doacção de sentimentos e cantos aos outros, são disso prova.
Mais adiante, com uma vida estável e boa, surge o cancro derrotador e demolidor de personalides e carácteres que se esbateu na força desta mulher. Mais adiante, a morte do filho tornou-a uma rocha de resiliência que elevou as suas interpretações mais intimistas a um patamar desconhecido para a maioria dos leitores.
Mais do que falar deste livro, a sugestão verdadeira é lerem com calma e de forma sentida o trajecto de vida comum que pode acontecer a qualquer um de nós, a todos.
Vou reler, outra vez a obra. Até lá!
Biografia (4ª edição) da Oficina do Livro.
Edição primeira de 2016.
Texto: Fernando de Sucena (Investigador de informação; Jornalista; Escritor e Formador). 2019©/Produtores Reunidos©
Imagem: Google©
Editado originalmente na edição XOK MAGAZINE, formato pdf, on line
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