ANOS 80 - A FEBRE DAS RÁDIOS PIRATAS
- 19 de out. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de mar. de 2019
Se, houve coisas em que os anos 80 foram férteis, foi na proliferação das Rádios locais, piratas ou amadoras como lhes queiram chamar. Dessas dezenas, algumas ainda perduram.
Em qualquer vão de escada, garagem, quarto, despensa, arrecadação, porta bagagens ou quintal, havia um transmissor de sinal FM, feito à mão por artistas da electrónica e que faziam as delícias dos moradores do bairro, dos aventureiros da rádio, dos locutores que apareciam aos milhares, quais cogumelos em tronco podre, e das editoras discográficas que aumentavam as vendas em muitos milhares.
De entre todos os projectos em que andei envolvido, alguns foram interessantes e revelaram nomes, hoje famosos, como sejam Rui Almeida (Antena Um), o sobrevivente do Costa Concordia; Jorge Gabriel (RTP); Nuno Santos ou José Figueiras, que frequentou a Escola Secundária Padre Alberto Neto, em Queluz, (SIC); ou o esquecido Carlos Raleiras, só para citar alguns que andaram pelo espectro do éter na região da Amadora e Sintra durante o alvorar da década de ouro do século XX.
Um dos projectos, mais interessantes foi o da:
RÁDIO 40 em MONTE ABRAÃO – QUELUZ.
Os estúdios da estação ficavam ali para os lados do Pote d’Água, no fim do Bairro da Caixa. Também pouco mais havia do que estas casas. Na foto, uma parte da equipa do Neuzen, um programa inovador e alienante. Da esquerda para a direita, o Produtor, Apresentador e Realizador, Mário Fernando e, ao lado um dos colaboradores e motorista da produtora, o Luis. Mais ao lado, Jorge Andrade co-fundador do extinto M.A.N. (Movimento de Acção Nacional) e Paulo Lopes (mais tarde correspondente do Millenium antes de ser BCP) que era a voz de suporte e realizador de um outro programa na mesma estação. Na frente Paula Regina, na altura técnica no Departamento de Habitação da Câmara Municipal de Loures. Segue-se, Anabela Caracol co-proprietária, agora, do salão de Jogos Martins, na Amadora, junto aos CTT, e Anabela Andrade (Técnica Mediadora de Seguros, até à pouco). No entanto, o leque de colaboradores ultrapassava a dúzia e meia, sendo as participações quinzenais.
No canto superior, Elsa Marujo dando os seus primeiros passos nas andanças radiofónicas no programa do Team MF e que, depois, iria explodir na RTP, com o encosto ao PS (Partido Socialista), e a licenciatura em Comunicação Social, provando o que Miguel Sousa Tavares afirmou recentemente na TVI. Mais ou menos disse isto ‘quem se encosta a uma cor é promovido, independentemente do mérito…” Que Deus o abençoe!
Portanto, e segundo os objectivos destas crónicas revoltantes, pela liberdade e à vontade com que se faziam as coisas, estamos a menos de 3 anos de comemorar 30 anos sobre o desenrolar destes factos. Trinta anos de evolução e aprimoração das técnicas de comunicação, e o sorriso malicioso, de quem, quando vê o ‘Canal Q’, escuta a ‘Rádio Comercial’ ou vê o ‘5 Para a Meia- Noite’ diz: ‘G’anda coisa eu já tinha feito isto. Estava muito adiante…’ E estávamos…. Mas, mesmo muito à frente…


Texto: Mário Fernando de Sucena (Investigador de informação; Jornalista; Escritor e Formador). 2018©/Produtores Reunidos©
Imagem: Arquivo/Produtores Reunidos©
(texto publicado originalmente na LR news-letter)
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Gostava de ter vivido nessa época e ter feito rádio. Deve dar pica.
Acompanhamos desde a fundação do CEDECA em 1979, com meios da biblio-mediateca Mário Bento, todas as produções que nos solicitaram ajuda para a realização de programas de rádio. Foi com orgulho imenso que levámos o nome do Centro Desportivo e Cultural da Amadora bem além região. A maioria destes nomes cresceram na comunicação e foi bom nós participarmos nesse crescimento.